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Câmara escura de grande formato para uso externo |
A luz refletida por um objeto iluminado adentra, por meio de uma abertura pequena, em uma sala (câmara) totalmente escura projetando na parede oposta a imagem deste mesmo objeto, porém de forma invertida. Este fenômeno
há muito tempo descoberto foi posteriormente utilizado para diversos fins desde a observação de eclipses (Aristóteles, na Grécia Antiga) como também para captação de desenhos (Leonardo Da Vinci, na Itália) e posteriormente empregado na obtenção de imagens fotográficas.
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Câmara escura aprimorada com espelho para inversão da imagem |
Muito embora tenha sido aprimorada e sistematizada por estudiosos, a fotografia não ficou presa aos laboratórios científicos nem tampouco restrita aos estúdios de arte. Popularizou-se rapidamente para cumprir um papel importante no cotidiano das pessoas como guardiã da memória coletiva e social. O desenvolvimento da técnica do ferrótipo (ferrotipia) em 1853 foi fundamental para a produção de fotografias com a revelação instantânea das imagens em positivo. A facilidade da técnica possibilitou que fotógrafos ambulantes saíssem pelas ruas das cidades com seus equipamentos em busca de clientes fazendo parada preferencialmente nas praças e parques, locais que consagraram este ofício.
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Fotógrafo de rua capturando com câmera de ferrótipo no Texas em 1939 (Por Russel Lee) |
Atividade difundida em várias partes do mundo a fotografia instantânea com câmeras em formato de caixote, no Brasil, foi denominada “Lambe-Lambe” pelo fato de o fotógrafo lamber cada chapa para saber qual lado correto de posicioná-la no interior da câmera. Na região Nordeste os retratistas Lambe-Lambe ganharam espaço nas capitais e cidades interioranas onde registravam os momentos mais diversos do cotidiano da população. Foram então responsáveis pela democratização da fotografia proporcionando às classes mais pobres o registro de momentos importantes com baixo custo e fácil acesso. O fotógrafo Lambe-Lambe é portanto um ícone importante na cultura fotográfica nacional que muito contribuiu para a preservação da memória do povo brasileiro.
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Fotógrafo lambe-lambe trabalhando com sua câmera em Brasília na década de 1960 (Por Peter Scheier, acervo IMS) |
É preciso, pois, manter viva a tradição assegurando a transmissão dos saberes para que as novas gerações conheçam a cultura popular e tornem-se agentes reprodutores e sobretudo protetores da memória coletiva de nossa gente.
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